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Muitas vezes


Flávio Mello

Para meu amado Ir.: Carneirinho

Muitas vezes a tinta pinga na tina d’água e se dilui
Assim como as nuvens, que parecem pesadas,
se desfazem ao vento
Assim como o gelo ao sol da manhã
Derretendo lentamente
como que chorando

Muitas vezes o poema é esquecido
Por mais bem elaborado que foi
Por mais bem escrito que foi
Métrico, com rimas preciosas,
E versos heroicos
Ele pode ser esquecido
Ou pior... nunca ter sido lido
Ou pior... nunca ter feito parte de um livro
Ou se quer... ter sido escrito

Muitas vezes o amor morre
Assim como o Carneiro, que sacrificado morre
(isso não é meu é do Chico César) grande poeta

Muitas vezes perdemos um membro
Que em noites frias lateja,
mesmo sem estar lá

Muitas vezes perdemos alguém que amamos
E quando isso acontece
O mundo perde a cor, o sabor, o cheiro, o amor
Muitas vezes essas pessoas nos deixam
Partem, levando consigo metade da gente

Muitas vezes não se despedem
Partem assim... como o gelo ao sol
Como a tinta que pinga na tina com água
Como a nuvem colossal que se desfaz
Como uma bolha de poeira

Partem do nada... como um poema
Ou uma música que não lembramos
Mas assoviamos
Mas... depois de muito tempo
Presos na melodia ela surge
E a cantarolamos...
e percebemos
Que nem tudo pode ser esquecido
Assim como as pessoas que amamos

E que partem nos levando consigo


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12/04/2018
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12/04/2018
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